quinta-feira, 21 de abril de 2016

Introdução ao conhecimento da mente humana

Luc de Clapiers, Marquês de Vauvenargues

Aqueles que não podem atinar com as variedades da mente humana supõem nela contrariedades inexplicáveis. Eles se espantam que um homem vivaz não seja perspicaz; que àquele que raciocina com justeza falte juízo em sua conduta; que outro que fala com clareza tenha o espírito falso, etc. O que faz com que tenham tanta dificuldade em harmonizar essas pretensas bizarrices é que eles confundem as qualidades do caráter com as da mente e atribuem ao raciocínio os efeitos que pertencem às paixões. Eles não percebem que uma mente justa, quando comete uma falta, não o faz senão para satisfazer uma paixão, e não por carência de luz; e, quando acontece faltar perspicácia a um homem vivaz, eles não sabem que perspicácia e vivacidade são duas coisas bastante diferentes, embora semelhantes, e que elas podem vir separadas. Eu não pretendo desvendar todas as fontes de nossos erros sobre uma matéria sem limites; quando nós cremos ter a verdade em um lugar, ela nos escapa por mil outros. Mas eu espero que, percorrendo as principais partes da mente, poderei apontar as diferenças essenciais e dissipar um número muito grande dessas contradições imaginárias, que a ignorância admite. O objetivo deste primeiro livro é fazer saber, por definições e reflexões fundadas na experiência, todas essas diferentes qualidades dos homens, que estão compreendidas na denominação “mente”. Aqueles que buscam as causas físicas dessas mesmas qualidades poderiam talvez falar delas com maior segurança, se eu conseguisse nesta obra desenvolver os efeitos cujos princípios eles estudam.


Referencia : blog Bouffon Rouge; tradução Jelcimar Jr. (Texto de Marquês de Vauvenargues)

quarta-feira, 20 de abril de 2016

A VIRTUDE EM ARISTÓTELES

O que é felicidade? Provavelmente, cada pessoa que resolver responder a esta pergunta apresentará uma resposta própria, pois a felicidade, num certo sentido, é algo individual, pessoal e intransferível. Por outro lado, há uma ideia de felicidade que pertence ao senso comum e é compartilhada pela esmagadora maioria das pessoas: felicidade é ter saúde, amor, dinheiro suficiente, etc. Além disso, a ideia de felicidade não é uma coisa recente. Com certeza, ela acompanha o ser humano há muito tempo e faz parte de sua história. Sendo assim, é possível traçar a evolução histórica dessa ideia, se nos debruçarmos sobre a disciplina que sempre se dedicou a investigar nossas ideias, de modo a defini-las e esclarecê-las: a filosofia. Na verdade, a ideia de felicidade tem grande importância para a origem da filosofia. Ela faz parte das primeiras reflexões filosóficas sobre ética, que foram elaboradas na Grécia antiga.

Aristóteles (384-322 a.C) nasceu em Estagira (Macedônia). Seu pai era médico do rei Felipe da Macedônia. É considerado juntamente com Sócrates e Platão um dos mais influentes filósofos gregos do mundo ocidental.  Foi aluno de Platão e educou Alexandre, o Grande. Criou o pensamento lógico e a biologia como ciência.  “Em suas obras sobre a natureza, Aristóteles tentou descobrir uma hierarquia de classes e espécies (…). Ele estava convencido de que a natureza tinha uma finalidade e que cada traço específico de um animal existia para cumprir uma determinada função”. (Strathern, 1997, p.24).  Dessa forma, Aristóteles foi o primeiro filósofo a valorizar a observação e a experiência em seus estudos e por isso pode ser considerado o pai do  método científico. Aos 17 anos foi para Atenas, o maior centro filosófico e artístico de toda antiguidade, matriculou-se na escola de Platão e lá permaneceu por vinte anos, até 347 a.C. Após a morte de seu mestre fundou sua própria escola, o Liceu. Ao contrário da Academia, que valorizava o pensamento teórico, o Liceu privilegiava as ciências naturais. Dirigiu o liceu até 324 a.C. Com a morte de Alexandre surgiram sentimentos xenófobos antimacedônios em Atenas, sentindo-se ameaçado Aristóteles fugiu afirmando não permitir que a cidade cometesse um segundo crime contra a filosofia, assim como cometerá com Sócrates. Apesar de sua escola ter privilegiados as ciências naturais Aristóteles também pensou os problemas políticos e sociais de sua época, assim como se debruçou sobre os problemas éticos e morais.  Em seu livro “Ética e Nicomaco” Aristóteles pensou profundamente sobre a felicidade humana.

       Para Aristóteles a felicidade não está ligada aos prazeres ou as riquezas, mas a atividade prática da razão. Em sua opinião,  a capacidade de pensar é o que há de melhor no ser humano, uma vez que a razão é nosso melhor guia e dirigente natural.   Se o que caracteriza o homem é o pensar, então esta e sua maior virtude e, portanto, reside nela à felicidade humana.  “Aristóteles, fiel aos princípios de sua filosofia especulativa, e após ter feito uma análise e um estudo da psicologia humana, verifica que em todos os seus atos o homem se orienta necessariamente pela idéia de bem e de felicidade e que nenhum dos bens comumente procurados (a honra, a riqueza, o prazer) preenche esse ideal de felicidade. Daí a sua conclusão: primeiro, a felicidade humana deverá consistir numa atividade, pois o ato é superior a potência; segundo, deverá ser uma atividade relacionada com a faculdade humana mais perfeita que é a inteligência (…)”. (Costa,1993, p.67)

        Em seu livro “Ética e Nicômaco”  Aristóteles mostra-nos que os homens se tornam o que são pelo hábito. Os homens se tornam bons engenheiros construindo, e se tornam músicos tocando, da mesma forma um homem torna-se justo praticando atos justos e mal praticando atos maus. Um homem torna-se um bom ou mau músico por tocar bem ou mal. Um escritor torna-se um bom ou mau escritor por escrever bem ou mal. Assim como um mau músico não tem o hábito de tocar, também o mau escritor não tem o hábito de pensar e escrever.   Dessa forma para se tocar música ou escrever bem é necessária a excelência, é necessário o engajamento, é necessário o hábito. A pratica continua de uma atividade ou de um comportamento nos possibilita internalizar aquele hábito. Somente a prática leva a excelência. Esse raciocínio serve para todas as atitudes e atividades humanas. Pelo hábito de sentir receio ou confiança tornamo-nos covardes ou corajosos. O mesmo se aplica aos desejos e a raiva, por se comportarem da mesma forma e do mesmo modo em todas as circunstâncias algumas pessoas tornam-se moderadas e amáveis, outras se tornam concupiscentes ou irascíveis. É por isto que devemos fazer uso da razão em nossas escolhas e atividades. Devemos sempre desenvolver nossas atitudes e atividades de uma maneira racional.
        
       A felicidade para Aristóteles corresponde ao hábito continuado da prática da virtude e da prudência. Por sua própria natureza os homens buscam o bem e a felicidade, mas esta busca só pode ser alcançada pela virtude. A virtude é entendida como Aretê – excelência. É somente através do nosso caráter que atingimos a excelência. A boa conduta, a força do espírito, a força da vontade guiada pela razão nos leva à excelência. Dessa forma, a felicidade está ligada a uma sabedoria prática, a de saber fazer escolhas racionais na vida. É feliz aquele que escolhe o que é mais adequado para si.

        A razão é a faculdade que analisa, pondera, julga, discerne. Ela nos permite  distinguir o que é bom ou mau,  a distinguir os vícios das virtudes. Ela  nos permite fazer escolhas pertinentes para nossa felicidade. Por exemplo, a temeridade é um vício por excesso, a covardia é um vício por falta; o meio termo é a coragem, que é uma virtude. O orgulho é um vício por excesso,  a humildade um vício por falta; o meio termo é a veracidade, que também é uma virtude. A inveja é um vício por excesso, a malevolência é um vício por falta; o meio termo é a justa indignação. Para Aristóteles toda escolha exige uma mediania, um equilíbrio entre o excesso e a falta.  Na vida não podemos ser imprudentes e impulsivos se arriscando em situações perigosas. Por outro lado,  também não podemos ser covardes e ter medo de tudo deixando que o medo nos domine. É necessário o meio termo entre esses dois sentimentos, devemos enfrentar os medos e perigos sabendo agir com bom senso. O mesmo raciocínio serve para alimentação, não podemos comer muito para passar mal do estômago, assim como não podemos evitar comer, pois também vamos adoecer. Devemos comer com moderação. Por esta ótica, também podemos pensar os sentimentos.  Na vida não podemos ser vaidosos preocupando-nos apenas com nossas qualidades, satisfazendo sempre o nosso ego. Por outro lado, também não podemos ser muito modestos,  achando que somos inferiores. É necessário auto-estima, sabendo reconhecer através da razão nossos defeitos e nossas qualidades. Para Aristóteles, portanto,  devemos sempre escolher o meio termo, sendo moderados em tudo que fazemos na vida. Somente assim atingiremos o bem e a felicidade.  

Felicidade e insatisfação | Luis Mauro Sá Martino


Aristóteles - Ética a Nicômaco - Virtude e Justiça


segunda-feira, 11 de abril de 2016

O VOLUNTÁRIO E O INVOLUNTÁRIO, CONDIÇÃO PRÉVIA DA HARMONIZAÇÃO ENTRE A INCLINAÇÃO NATURAL E A RAZÃO PRÁTICA

1. Como nosso desejo se torna um desejo racional?
Primeiro temos que compreender o que Aristóteles quer dizer com desejo racional. Segundo ele: “Esse termo pode ter dois significados; primeiro geral, de apetite, de princípio que impele um ser vivo à ação; segundo mais restrito, de apetite sensível, nesse sentido, segundo Aristóteles o desejo é (o apetite do que é agradável).”
A compreensão que Aristóteles nos remete sobre a racionalização do desejo é a de que o desejo racional é um desejo deliberado (consideração das alternativas possíveis que certa situação oferece à escolha. O objeto de ambas é o mesmo, salvo pelo fato de que o objeto da escolha já está definido pelo processo deliberativo a que a escolha põe termo). Já o desejo em seu estado natural é irracional, sendo a ação deliberativa um meio de racionalizar o desejo.  

Aristóteles nos coloca que o desejo conduzido pela razão de um indivíduo virtuoso é aquele que compreende os meios e os fins de suas ações. O indivíduo não age pela possibilidade de ser punido, mas sim, pela clareza de que seus atos, tendo como justas, suas ações, havendo harmonia entre o meio e o fim.



2. A ação responsável e a responsabilidade indireta do caráter

A fim de compreendermos o processo de formação do ca­ráter é preciso analisar o procedimento que permite ao agente harmonizar os fins postos pelo desejo com a razão.
Aris­tóteles aponta várias vezes que os fins das ações são postos pelo desejo e a razão não parece poder de forma alguma interferir nesse momento, por isso, é preciso a harmonização entre desejo e razão. Pelos desejos o homem não é diretamente responsável. No entanto, se no surgimento do desejo a razão não tem parte, ela interfere na determinação da realização dos desejos.
A razão define o modo pelo qual o desejo será realizado. Isso influencia grandemente no desejo mesmo, visto que se a razão encontra um obstáculo que não pode ser superado ao longo do caminho, o desejo será aban­donado, ou sua realização modificada.
O desejo é influenciado pela natureza do agente e, sobretudo, pelo caráter do mesmo.
 A progressiva racionalização do desejo através da educação pelo hábito e do processo ligado à deliberação, é a forma de Aristóteles pensar a formação do caráter virtuoso no homem.
Julgamos o caráter de um homem por suas escolhas, pelo objeto em função do qual ele age, e não pelo próprio ato. Isso está ligado ao fato de que uma ação poderia ser involuntária, quando praticada por compulsão ou por ignorância, mas ninguém escolhe involuntariamente, aponta Aristóteles no livro II (Ética Eudemia).
Embora surpreendente essa declaração parece entrar em conflito com a tese de que só deliberamos sobre os meios, ao passo que os fins das ações são postos pelo desejo. Pode se afirmar que os fins se dão a mim com base em minha educação e em função de minha natureza prática, porém, as duas dependem dos atos que pratico.
Ao determinar diretamente minhas ações, eu determino também indiretamente minhas disposições, as quais determinam minha natureza prática. É a natureza prática que condiciona o surgimento dos desejos no agente. Logo, indiretamente, o homem se torna responsável da natureza de seus desejos, de seu caráter e de suas ações e realizações. 
Pela idéia de Aristóteles, mesmo que o indivíduo não tenha plena e diretamente responsabilidade sobre os fins de suas ações, pois os fins são postos pelas emoções, é suficiente que o agente delibere sobre os meios que con­duzem ao cumprimento do fim, para que ele se torne inteiramente responsável de suas ações.
A responsabilidade, entretanto, parece limitada porque ele aparentemente não tem domínio sobre seus desejos e o desejo põe diretamente o fim da ação. É relevante o fato que se nossos desejos se dão em função de nosso caráter, a formação do caráter se dá a partir de ações repetidas em certa direção.
O homem é responsável pelos seus atos. Atos que geram em nós determinadas disposições são voluntários, ou seja, o ato tem sua origem no interior do agente e o agente conhece as circunstâncias particulares em que o ato se realiza, e torna mais fortes a responsabilidade moral sobre as ações praticadas.
Há um elemento natural na com­posição do caráter humano e não é possível afirmar que ele dependa totalmente de nós, entretanto, Aristóteles afirma que “nós somos de certo modo responsáveis por nossas disposições de caráter”, em função de que o processo educativo pelo qual se dá a formação do caráter é formado de ações repetidas e por cada uma destas ações o agente é responsável.
Para dizer que nosso caráter também depende de nós, o filósofo aponta que “É no exercício de determinadas atividades que se formam as disposições de caráter.”
Se o agente conduz sua vida de uma maneira descuidada, ele se torna uma pessoa negligente.
A excelência e deficiência moral estão ao nosso alcance do mesmo jeito. Ou seja, somos responsáveis pela boa ação, e o somos pela má ação.
Tornar-se pessoa virtuosa ou vil depende do hábito que torna os indivíduos capazes de realizar de maneira estável e com espontaneidade as ações correspondentes.
Pela repetição de atos numa mesma direção, a disposição fixa o tipo de resposta que o agente dará em circunstâncias semelhantes, pois somos senhores do início de nossos hábitos, e, Aristóteles isso dizendo que “as pessoas injustas ou concupiscentes poderiam de início ter evitado estas formas de deficiência moral e, portanto, são injustas ou concupiscentes volun­tariamente. Agora, porém, que elas são assim, já não lhes é possível deixar de sê-lo.”
A decisão de viver sem descuidar das excelências do caráter e esforçar-se para conduzir boas ações depende do próprio homem.
Portanto, o hábito do caráter é considerado por Aristóteles como a segunda na­tureza do agente, sua natureza prática. E esta natureza prática, oposta da primeira, é parcialmente voluntária.


A TENDÊNCIA NÃO CORRETA AO FIM: O MAL MORAL


 


1. O Analfabetismo Moral

Para Aristóteles toda ação humana tende a um bem. Esse “bem” que define como “felicidade” é a virtude suprema do homem, que necessita possuir algumas características que o levem a alcançá-la plenamente, ou seja, desejar corretamente e agir de acordo com a razão prática, obedecendo as circunstâncias adequadas. A virtude, para Aristóteles está na justa medida, nem excesso, nem falta.
No Livro VII da Ética a Nicômaco, ele trata da fraqueza da vontade que torna o homem um ser malvado, agindo por excessos ou por falta, esquecendo-se da temperança.
Há 5 perfis que caracterizam o homem com um “analfabeto moral”, ou aquele que não alcançou a maturidade ética, são eles:
1.1. O Akolastos: visa apenas o prazer, vislumbra apenas o próprio desejo. Não se arrepende e aparenta uma criança indisciplinada que não fora educada com rigor;
1.2. O Malakos: não procura o prazer, mas evita a todo custo a presença da dor. Não resiste às tentações;
1.3. Theriotes: situa-se no limite da humanidade, representa o polo oposto ao divino. Embora tenha a aparência humana, é um monstro;
1.4. O Acrático: no Livro VII, Aristóteles define acrasia como uma fraqueza moral e é dos vícios o que mais lhe interessou.
Essa característica faz com que o homem, mesmo consciente da ação correta, age de forma diferente. Age até contra si mesmo e seus próprios princípios. É arrastado pela paixão, perde a razão, embora acredite que seu propósito seja bom para si.

2. O vicioso satisfeito e em paz consigo mesmo: o Kakos

Para começarmos a entender esse perfil podemos considerar que se trata da pessoa que voluntariamente adquiriu o hábito do vicio, agindo com excesso ou falta a respeito dos prazeres e das paixões.
 A forma como cada individuo realiza suas escolhas em relação aos meios para alcançar um fim é o que vai diferenciar uma ação virtuosa de uma viciosa.
“... a busca e a repulsa na esfera do desejo correspondem à afirmação e à negação na esfera do pensamento; por isto, a excelência moral é uma disposição da alma relacionada com a escolha, e a escolha é o desejo deliberado, segue-se que, para que a escolha seja boa, tanto a razão deve ser verdadeira quanto o desejo deve ser correto. E este deve buscar exatamente o que aquela determina. (ARISTÓTELES, EN VI 2, 1139a30-36).
O kakos apesar de saber deliberar corretamente, pois escolhe de acordo com suas convicções, tem em vista um fim errado. Isso ocorre pela simples razão de que aprendeu errado, ou simplesmente não aprendeu. Houve falha na sua educação e não aprendeu sobre as regras sociais e políticas da cidade em que vive e não sabe, portanto discernir quando certa ação é boa, nem que certa ação é ruim e deve ser evitada, portanto age injustamente com a firme persuasão de que está agindo bem e com isso não sente arrependimento. De acordo com Aristóteles são pessoas incorrigíveis.
“O perverso age em harmonia com si mesmo: há harmonia entre a sua própria razão e seus desejos. Ele deseja o que é absolutamente contrário à razão correta e voluntariamente satisfaz seus desejos, não tendo pesar nenhum. O perverso não sofre de algum conflito interior entre desejos injustos e razão, não tem dúvidas sobre a moralidade das suas ações e, por isso mesmo, há certa semelhança entre o malvado e o virtuoso: os dois agem voluntariamente, com prazer e em harmonia consigo mesmo.”
A conclusão que Aristóteles chega é que apesar do perverso está em paz e harmonia consigo mesmo, ainda assim não encontra a felicidade já que esta possui como parte integrante a virtude. “Se eudaimonia é a realização do homem enquanto homem, e se a felicidade não é um simples estado psicológico de bem estar, mas uma atividade, qualquer atividade que o homem realize é em vista de um fim. Esse fim, não necessariamente deve ser o fim último, isso é, a felicidade mesma, pode ser um fim intermediário em vista de um fim superior. Seja qual for o fim, a atividade que visa a sua realização, visa, em última análise, à realização do homem. Para tanto, porém, não basta desejar, é necessário desejar de forma humana, isto é, moral. O conjunto de fins que orquestra a felicidade deve ser de fins bons, a saber, fins direcionados pela razão prática à efetivação do ser humano enquanto ser racional, social e amante da sophia