Encontramos no Mito da caverna, o caminho
que um governante deve percorrer para representar o estado ideal do pensamento
de Platão. É o caminho de ascensão do interior da caverna, onde o mundo é
conhecido através dos sentidos, para a abertura, se permitindo adentrar no
mundo superior e inteligível, encontrando a Luz do sol que desvenda o
conhecimento verdadeiro; o conhecimento do Bem em si, causador do belo e do
justo. É esse o caminho que leva quem recebeu uma natureza filosófica à
um governante ético e sábio. Esse caminho deve ser conduzido por um processo
pedagógico e político-cultural desde criança e através de brincadeira com
o objetivo alcançar o espiritual sem força, de forma lúdica.
O processo de formação do filósofo
governante começa quando nos jogos proposto para o desenvolvimento físico
o rei-filósofo escolhe os que possuem uma visão de conjunto e assim uma
natureza dialética, pois esta pressupõe uma concatenação de saberes para uma
única meta: o Bem em si. A partir de então, estas crianças são
introduzidas no ensino da dialética que investiga a essência da
realidade em vista da Verdade e do Bem em si; nas disciplinas matemáticas, esta como fator determinante no
processo de conversão da alma do governante. A musica, com seu ritmo e
harmonia, pressupõe uma matematização do tempo e do espaço. O objetivo maior
aqui é o educando conhecer a teoria da harmonia e não necessariamente tocar um instrumento. Esse pensamento se aplica também à geometria, astrologia e a
esteriometria. Toda essa abordagem tem como foco político-pedagógico a formação
do estadista e tem como paradigma o Bem em si.
“O estadista é necessariamente sábio e
virtuoso. A virtude filosófica segue a parte mais divina e superior da alma. A
fhronesis, própria à ação política, volta-se para o Bem em si, onde se alicerça
o Estado ideal”. Para Platão não merece ser chamado de estadista aquele que
governa em prol de interesses próprios. O verdadeiro estadista (filósofo)
é aquele que depois de educado não adquiriu apenas conhecimento, mas chegou
além do cognoscível alcançando a essência da realidade: o Bem divino e Este
possui portanto a “praticidade de longuíssimo prazo, de duração eterna, como
referência maior de justiça para Platão”
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