segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A Filosofia da Democracia de Protágoras

O íntimo do axioma sofístico é observado por meio dos escritos de Platão como um pensamento ligado à democracia e às pessoas de classe média. Protágoras nasceu em Abdera e mudou-se adquirindo diferentes culturas, sua habilidade política facilitou ser conselheiro de Péricles no auge da democracia grega. Mas era assalariado, assim como são os professores atuais, no vídeo aula da semana o Professor Barreira faz uma defesa sobre o tema ao abordar que Protágoras era cidadão de classe média que necessitava manter-se como os professores, mas por ser remunerado não era bem visto pelos filósofos, pois no entendimento deles, os sofistas estariam vendendo seu conhecimento.

Protágoras problematizou que nem só o mais capacitado poderia participar do espaço político. Para ele a política tem que ser vista como um discurso de todos, em que há diferentes pensamentos a serem considerados e todos devem ser ouvidos para uma analise dos pós e contras chegando a uma decisão ponderada que parte do todo e não apenas de uns. 
Protágoras de Abdera: Protágoras Nasceu em Abdera (480-410 a.C.) é considerado o primeiro e um dos mais importantes sofistas. Ensinou por muito tempo em Atenas, sua filosofia dele sofreu críticas em seu tempo.

Para isso, Protágoras tenta provar suas afirmações a Sócrates através de um mito:

"[...] Os deuses haviam terminado a criação das várias criaturas (animais) do mundo. Mas ainda tinham que dar-lhe vida. Para tanto, chamaram dois irmãos – Prometeu e Epimeteu – para realizarem a seguinte tarefa: distribuir os dons para as diversas espécies, de maneira equitativa para que se garantisse que uma espécie não acabasse por destruir a outra. Epimeteu convence o irmão a deixá-lo fazer a distribuição dos dons e depois chamar Prometeu para conferir a obra. Epimeteu fez a partilha, dando a uns a força, e não a velocidade; a outros, a velocidade, mas não a força; deu recursos a alguns, e não a outros, a quem doou outros meios de sobrevivência [...] Estes cuidados visavam evitar a extinção de cada raça.

Quando Prometeu veio examinar a distribuição dos recursos , viu as várias criaturas bem providas de tudo, enquanto o homem encontrava-se nu, descalço, sem proteção ou armas. Sem saber o que fazer, roubou dos deuses o domínio do fogo e das artes e presenteou-os ao homem. Assim, o homem ficou com as técnicas para se conservar vivo, mas sem a arte da política. Por estes favores aos homens, parece que Prometeu foi severamente punido mais tarde. Com o que tinha, o homem articulou a linguagem, construiu casas, inventou a agricultura. Mas, isolados, continuavam frágeis diante dos perigos da natureza. E, quando procuravam reunir-se em segurança, fundando cidades, faziam mal uns aos outros, pois não tinham os saberes da política, e assim, se dispersavam e acabavam por morrer. Então, Zeus, temendo que nossa espécie se extinguisse, encarregou Hermes de levar aos homens os dons do pudor e da justiça como norma para a convivência a ligar os homens pelos laços da civilidade. Depois de estabelecer que o pudor e o senso de justiça fossem repartidos a todos os homens sem exceção, ordena que, em seu nome, todo homem incapaz de pudor e justiça “seja exterminado como se fosse uma peste na sociedade”. E assim, a humanidade sobreviveu e progrediu. " 
Analisando o mito, Protágoras demonstra seu pensamento sobre democracia enfatizando que as ideias gerais devem ser vistas como algo tão ou mais importante que o conhecimento em si, pois o povo ao ser permitido coloca suas opiniões de acordo com suas necessidades. 
Com isso, Protágoras valoriza a experiência em relação ao especialista, note-se que na Grécia antiga os anciãos eram demasiadamente valorizados.
É obvio que alguns setores de um governo dependem de ser analisado por pessoas com conhecimento técnico, o professor Barreira cita com propriedade a construção de um barco, ora quem não sabe construir um barco pouco pode contribuir com seu discurso, entretanto poderá contribuir com seu discurso sobre a necessidade da comunidade, como por exemplo, é o barco o mais importante para a comunidade agora.
Como no caso do Senado Federal que tem uma assessoria legislativa com técnicos de diversas áreas, colaborando na função legislativa, o professor Barreira se coloca com bastante propriedade o fato de que muitas vezes um técnico tem o domínio do assunto, mas não tem a capacidade de convencimento presente na retórica, e nos dias atuais muito utilizadas pelos advogados e políticos.
Podemos relacionar as ideais sofistas com o mundo atual, pois os mesmos dedicam-se a ensinar a retórica que é a eficácia nos discursos, e hoje há os marqueteiros que usam tais estratégias para conquistar os objetivos de convencimento do povo, se comunicando da forma mais persuasiva possível, sendo considerados, então, como os neosofistas que valorizam a técnica e estratégias do discurso, mas não colocando em detrimento a democracia, pois o homem é um ser político, e, sendo assim, é necessário que a sociedade estabeleça regras e limites para que se viva com respeito e dignidade, valorizando, de tal forma, a voz ativa de todos e não apenas de uns.

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